A combinação dupla de dolutegravir/lamivudina (DTG/3TC) é um regime de primeira escolha para doentes naïve e é, inclusive, uma das opções preferenciais de switch terapêutico, especificamente nos casos de doentes com experiência prévia a outros tratamentos antirretrovíricos. Aliás, no contexto de switch, a combinação de DTG/3TC já foi alvo de avaliação nos estudos SALSA e TANGO, demonstrando uma eficácia equivalente à terapêutica tripla, sem emergência de mutações de resistência ou falências terapêuticas documentadas.
Segundo o Prof. Doutor Linos Vandekerckhove, professor de Medicina Interna e Doenças Infecciosas na Ghent University, Bélgica, o RUMBA é o primeiro estudo aleatorizado a avaliar o impacto no reservatório viral de duas estratégias de tratamento antirretrovírico: switch para 2DR (DTG/3TC) versus switch ou manutenção de um esquema terapêutico triplo.
Será que a mudança terapêutica de uma combinação tripla para dupla poderá estar associada a um risco de falência subclínica? Esta pergunta foi o ponto de partida do estudo RUMBA que, ao longo de 48 semanas, procurou demonstrar a não-inferioridade de 2DR com DTG/3TC versus 3DR e o impacto destas estratégias nos reservatórios latentes do VIH-1.
O estudo avaliou 134 pessoas que vivem com o VIH, seguidas num centro de referência de tratamento do VIH em Ghent, com uma ARN <50 cópias/mL e estáveis há, pelo menos, três meses com um regime antirretrovírico que contém um inibidor da integrase de segunda geração. Os participantes foram aleatorizados para switch para DTG/3TC (n=89) versus manutenção ou mudança terapêutica para o regime triplo, composto por bictegravir/emtricitabina/tenofovir alafenamida (BIC/FTC/TAF).
Do total dos 134 doentes aleatorizados no estudo RUMBA, 120 alcançaram o endpoint primário à semana 48: 80 no braço de DTG/3TC versus 40 no braço de BIC/FTC/TAF. O autor principal do estudo afirmou que “a dinâmica dos reservatórios virais do VIH-1 é semelhante entre os dois braços de tratamento, não havendo evidência de diferenças entre os dois grupos avaliados”. “A mudança para DTG/3TC não contribuiu para um aumento do reservatório viral total ou intacto do VIH-1 após 48 semanas”, concluiu o Prof. Doutor Linos Vandekerckhove.