Alguns dos participantes do estudo TANGO já ultrapassaram as 200 semanas, mas os resultados apresentados no Congresso são das 196 semanas, lembra o infecciologista, destacando ser um estudo “randomizado, de fase III, multicêntrico, com doentes infetados por VIH-1, suprimidos, em tratamento com pelo menos seis meses de supressão, com tenofovir alafenamide (TAF) e, como terceiro fármaco, inibidor da integrase ou inibidor da protéase ou inibidor da transcriptase reversa ou transcriptase inversa”.
Segundo o especialista, “um braço estava randomizado para manter o esquema terapêutico do TAF e outro braço foi randomizado para dolutegravir (DTG/3TC)”. Foram publicados dados às 24 semanas, 48, 96 e 146 e “a segurança foi sempre evidente e nenhum fármaco foi inferior em relação ao outro. Também houve supressão virológica sempre sólida quer do ponto de vista da eficácia, quer do ponto de vista da segurança”.
O Dr. Frederico Duarte diz que “às 148 semanas os doentes que estavam a fazer DTG/3TC mantiveram o esquema, mas os que estavam a fazer o regime com TAF e um terceiro fármaco alteraram para DTG/3TC”.
Ou seja, os dois braços passaram a fazer o mesmo esquema. “O TANGO, no fundo, faz a comparação entre os doentes que mudaram para DTG/3TC numa fase inicial versus os doentes que passaram para esse esquema numa fase mais tardia”, comenta o infecciologista referindo que o objetivo foi perceber o impacto da troca. “A verdade é que não houve mudança. Permanecer mais tempo com o terceiro fármaco em nada acrescentou do ponto de vista da eficácia, mas eventualmente poderá ter trazido uma certa toxicidade.”
De acordo com o estudo TANGO, os resultados às 196 semanas indicam que “os doentes com switch precoce ou switch tardio têm igualmente valores muito significativos de segurança, supressão virológica e com baixíssima toxicidade. Quanto aos efeitos secundários, a percentagem é menor no grupo que fez o switch tardio”, menciona o Dr. Frederico Duarte, salientando que é possível retirar “algumas ideias”. Nas suas palavras, “não há nenhum benefício para os doentes terem mantido um regime de três fármacos, na medida em que só lhes trouxe provavelmente toxicidade e efeitos secundários”, assim, “o estudo vem solidificar no tempo a posição do dolutegravir neste esquema terapêutico”. Além disso, “os resultados têm tradução da prática clínica”.
O infecciologista do Hospital Pedro Hispano remata chamando a atenção para os resultados às 48 semanas do estudo BANNER. “É uma classe nova de fármaco, no contexto das terapêuticas long acting, estudada em 14 participantes, em que 13 tinham supressão virológica às 48 semanas. O anticorpo neutralizador N6LS foi bem tolerado e os doentes apresentaram poucos efeitos secundários. Este estudo da ViiV Healthcare é muito embrionário, mas provavelmente irá mudar o paradigma em 2023.”