A Dr.ª Cátia Caldas, infecciologista do Centro Hospitalar e Universitário de São João, no Porto, foi uma das participantes no simpósio da ViiV, integrado no programa de 24 de outubro do HIV Glasgow 2022. Segundo adiantou a especialista, “os dados obtidos até ao momento com a coformulação de dolutegravir/lamivudina (DTG/3TC) atestam o parâmetro de eficácia, que é o primeiro requisito exigido a um regime terapêutico, além da tolerabilidade e da segurança”.
O “DTG/3TC é um dos esquemas contemplados nas guidelines internacionais como regime inicial de tratamento”. “Trata-se do único esquema de biterapia aprovado para doentes naïve”, notou a infecciologista, salientando que “os estudos GEMINI-1/2 conduziram à aprovação deste regime terapêutico em doentes naïve”.
Nas palavras da Dr.ª Cátia Caldas, há, cada vez mais, um enfoque na individualização terapêutica, que prevê a escolha “do melhor esquema de tratamento tendo em conta o perfil específico do doente”. A infecciologista lembra ainda que o aumento da esperança média de vida das pessoas que vivem com o VIH trouxe “uma série de desafios acrescidos”, que ultrapassam o tratamento da infeção por VIH. “Na população de doentes infetados por VIH, por norma os acontecimentos típicos do envelhecimento ocorrem mais cedo. A gestão do envelhecimento e das diferentes comorbilidades e de toda a polimedicação é algo que implica novos desafios”, confirma a infecciologista.
“A possibilidade terapêutica com dolutegravir/lamivudina, que foge à tradição da terapêutica tripla, consegue responder às necessidades de muitos doentes que observamos”, apontou a Dr.ª Cátia Caldas, referindo ainda que a experiência no CHUSJ “acaba por ser extensa, quer em doentes naïve, quer em doentes de switch”.
No âmbito dos doentes naïve, o CHUSJ tem uma experiência extensa em doentes tratados com este esquema. “Os dados de avaliação demonstram valores de eficácia elevados; aliás, na avaliação aos 24 meses após início de terapêutica todos doentes estavam virologicamente suprimidos, havendo paralelamente registo de um perfil de tolerância e segurança muito favoráveis. Em contexto de switch, também temos uma amostra significativa e uma larga experiência, em que os resultados são exatamente os mesmos: uma taxa de eficácia elevada, com poucas descontinuações e, acima de tudo, sem emergência de resistências. Não houve nenhum caso de descontinuação em doentes naïve por efeitos adversos. A tolerância e a satisfação dos doentes que vamos registando é elevada e no switch também, daí ser uma das estratégias terapêuticas de eleição no momento.”
Em contexto de switch, a Dr.ª Cátia Caldas informa que “a mudança do esquema terapêutico é justificada, sobretudo por motivos de simplificação”. “A estratégia de simplificação implica que, sem perder a eficácia, se encontre um esquema com menos interações medicamentosas, que melhore a tolerabilidade e a toxicidade (sobretudo cumulativa), numa atitude preemptiva”.