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A gravidez em mulheres que cresceram com o VIH: resultados de um estudo britânico

A gravidez em mulheres que cresceram com o VIH: resultados de um estudo britânico

À medida que mais mulheres com VIH contraído verticalmente atingem a idade reprodutiva, as suas experiências e outcomes de gravidez e parto continuam a melhorar. O acesso ao tratamento, a contagem de CD4 e as taxas de cargas virais indetetáveis durante a gravidez aumentaram, como revela um estudo britânico apresentado do HIV Glasgow.

Estes dados provêm do Integrated Screening Outcomes Surveillance Service (ISOSS) apresentados por Helen Peters, (Peters H et al. Increasing numbers of pregnancies to women with vertically-acquired HIV in the UK: 2006 to 2021. International Congress on Drug Therapy in HIV Infection (HIV Glasgow), abstract P01, 2022). Contudo, verifica-se ainda uma carência de informação quantos aos outcomes na gravidez.
Há cerca de 900 gravidezes por ano no Reino Unido de mulheres que vivem com VIH e as taxas de transmissão vertical têm sido inferiores a 0,4% desde 2012. Todas as gravidezes no Reino Unido em mulheres com VIH, com mais de 16 anos, integram um programa nacional de rastreio. São também recolhidos dados de acompanhamento a longo prazo sobre as crianças que vivem com o VIH, no Reino Unido. Ao longo dos últimos 30 anos, os dados recolhidos tanto pelos sistemas de relatórios de maternidade, como pediátricos proporcionaram um conjunto de dados único que liga as mulheres que cresceram com o VIH, no Reino Unido, aos relatórios de gravidez. A equipa avaliou as características e outcomes das gravidezes entre 2006 e 2021 nesta população de mulheres. Estas foram comparadas com gravidezes de mulheres com VIH, provavelmente, contraído através de sexo heterossexual.
Os resultados revelaram 17.478 gravidezes de mulheres com VIH, incluindo 202 gravidezes em 131 mulheres que cresceram com o VIH. Destas gravidezes, houve 170 nados-vivos, 10 abortos, 18 gravidezes de termo e 4 nados mortos. As gravidezes de termo no grupo são mais elevadas do que o esperado.
Durante o período de 15 anos, as gravidezes de mulheres que cresceram com o VIH aumentaram dez vezes, de 0,3% para 3,5%. Das 131 mulheres, 81 tiveram uma gravidez, 34 tiveram duas e as outras 16 tiveram três ou mais.
Em média, as mulheres que cresceram com o VIH foram diagnosticadas aos seis anos de idade. Um total de 22 mulheres foram diagnosticadas no seu primeiro ano de vida. Havia 23 mulheres (18%) que tinham um historial de doença definidora da SIDA, metade das quais tinha uma doença definidora da SIDA na altura do diagnóstico.
Em média, as mulheres que cresceram com o VIH deram à luz aos 24 anos de idade, em comparação com as mulheres que contraíram VIH mais tarde na vida, que deram à luz aos 33 anos de idade. Um quarto das mulheres grávidas que cresceram com o VIH tinham menos de 20 anos de idade, o que coincide com uma época em que é provável que estejam a transitar dos cuidados de saúde pediátricos para adultos. A investigadora chamou assim a atenção para necessidade de compreender as suas vulnerabilidades nesta fase.
Houve algumas diferenças fundamentais em relação aos outcomes do tratamento. Por exemplo, 81% das mulheres que cresceram com o VIH tiveram acesso ao tratamento do VIH na altura da conceção, em comparação com 56% das mulheres que tinham contraído o VIH mais tarde na vida. Isto melhorou significativamente ao longo do tempo. Contudo, as que estavam sob tratamento tinham menos probabilidades de ter uma carga viral indetetável se crescessem com o VIH (79%), do que se tivessem contraído o VIH mais tarde na vida (84%).
Os outcomes em ambos os grupos foram relativamente semelhantes, mas houve um aumento do risco de nascimentos prematuros e bebés com baixo peso à nascença em mulheres que cresceram com o VIH. Em ambos os grupos, mais de 80% das mulheres deram à luz após 37 semanas. No entanto, na coorte de mulheres que cresceram com o VIH, os nascimentos antes das 34 semanas ocorreram a uma taxa de 13%, em comparação com apenas 6% nas mulheres que se infetaram mais tarde na vida.
Os dados de peso mostram que as mulheres que cresceram com o VIH tinham quase o dobro da probabilidade de ter um bebé com menos de 1,5kg (5% vs 3%). Estão também em maior risco de ter um bebé com peso entre 1,5kg e 2,5kg (20% vs 11%). No total, 76% dos bebés tinham mais de 2,5kg à nascença, em comparação com 86% dos bebés nascidos de mulheres que contraíram o VIH mais tarde na vida. Não houve análise multivariável sobre estes dados, pelo que é necessário mais trabalho para compreender se os nascimentos prematuros e o peso mais baixo à nascença estão ligados a um risco acrescido de uma carga viral detetável à nascença.
Em ambos os grupos, cerca de 40% das mulheres tiveram partos vaginais e cerca de 35% dos nascimentos foram cesarianas eletivas. As cesarianas de emergência ocorreram em pouco menos de 30% dos casos. Dos 150 bebés nascidos de mulheres que cresceram com VIH com acompanhamento completo, um foi diagnosticado como seropositivo.
A população de mulheres que cresceram com o VIH no Reino Unido está a aumentar e deve haver uma atenção contínua nesta coorte à medida que ela cresce, advertiu a investigadora britânica.
O aumento da confiança, particularmente, no contexto indetetável/intransmissível é um fator chave em todas as mudanças nos resultados. As mulheres que cresceram com o VIH também são capazes de fazer escolhas mais ativas a respeito das suas vontades durante a gravidez, parto e período pós-parto. Por exemplo, podem receber apoio para um parto vaginal e para amamentar.

 

quarta-feira, 16 novembro 2022 15:45
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