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Quais os fatores que contribuem para um aumento da prevalência de fígado gordo não-alcoólico em pessoas que vivem com VIH?

Quais os fatores que contribuem para um aumento da prevalência de fígado gordo não-alcoólico em pessoas que vivem com VIH?

O fígado gordo não-alcoólico (NAFLD, sigla em inglês que significa Non-alcoholic fatty liver disease) refere-se “a um conjunto de condições que resultam da deposição de triglicéridos nos hepatócitos ou de um processo inflamatório que poderá culminar com fibrose ou cirrose”. Foi com esta explicação que o Prof. Doutor Patrick Ingiliz, hepatologista no Henri-Mondor University Hospital, em França, deu início à sua intervenção, inserida na sessão HIV Clinical Challenges (I), que decorreu ontem, dia 24 de outubro, por ocasião do HIV Glasgow 2022.

 

 

“No contexto do VIH, constatou-se, nos últimos 20 anos, que há fatores relacionados com a própria infeção e com o tratamento antirretrovírico que predispõem para o fígado gordo.” Estas palavras foram proferidas pelo Prof. Doutor Patrick Ingiliz, hepatologista no Henri-Mondor University Hospital, em França, e um dos participantes na sessão HIV Clinical Challenges (I), que decorreu ontem, dia 24, por ocasião do HIV Glasgow 2022. A definição da entidade NAFLD (fígado gordo não-alcoólico), de acordo com o palestrante francês, depende de uma avaliação clínica do doente e do parecer do histopatologista, que, por sua vez, irá “pedir uma amostra do tecido hepático do doente, o que implica a realização de uma biópsia hepática”.
Uma meta-análise de 2017 revelou uma prevalência 35% mais elevada de NAFLD em doentes monoinfetados com VIH, comparativamente à população em geral. Segundo esta meta-análise de Maurice JB et al., os fatores de risco associados a NAFLD em doentes infetados pelo VIH são “praticamente os mesmos” já identificados na população em geral: a idade, o índice de massa corporal mais elevado, a diabetes tipo 2 e a síndrome metabólica.
“A contagem mais elevada de células CD4 surge associada a NAFLD, contrariamente a outros fatores relacionados com a própria infeção por VIH (carga viral, duração da infeção e tempo sob terapêutica antirretrovírica e contagem de CD4 nadir).” Nesta população, “é a fibrose que determina a morbi-mortalidade em doentes com NAFLD”.
O estudo SHIVER (Maurice J. et al.), publicado no CID em 2020, mostrou uma taxa de fibrose avançada (F3-F4) de 31% em 116 doentes monoinfetados com VIH, que foram submetidos a biópsia hepática para comprovar o diagnóstico de NAFLD. Nos últimos anos, no âmbito de vários trabalhos de investigação, a prevalência de fibrose, cuja definição é variável nos diversos estudos, ronda os 7-25%.
Segundo o orador, tendo em conta que o FibroScan isoladamente não está validado na deteção de fibrose em doentes monoinfetados com VIH, foi proposto o score FASTTM, que combina os resultados do FibroScan com os níveis de AST (aspartato aminotransferase). Com esta ferramenta “foi possível identificar uma proporção de quase 46% de doentes monoinfetados com VIH com esteatose hepática e quase 5% com NASH e com estádio F2 de fibrose”.
Quanto às perspetivas de reversão do quadro de NASH e fibrose, o Prof. Doutor Patrick Ingiliz lembra que, à luz de um estudo de 2015, a perda de peso corporal “é a única possibilidade” que existe até ao momento. Um estudo de 2019 avaliou ainda os efeitos de tesamorelina, demonstrando que este fármaco conseguiu reduzir a esteatose hepática e da ALT e retardar a progressão para fibrose em doentes infetados por VIH com NAFLD. Uma das possibilidades de tratamento de NASH é ainda o recurso a suplementos de vitamina E. Um estudo de Sebastiani et al., apresentado em 2020 por ocasião do AIDS, mostrou que a suplementação com vitamina E, na dose de 800 IU/dia, ao longo de 24 semanas, promoveu a redução da esteatose e da ALT.
Em conclusão, o preletor revelou que “o fígado gordo e NASH são duas condições comuns entre pessoas monoinfetadas com VIH”. “A taxa de doentes com fibrose avançada parece ser alta, mas são necessários dados adicionais de seguimento para identificar os doentes com um risco acrescido. Os novos marcadores não-invasivos necessitam de validação na população de pessoas que vivem com o VIH”, realçou o palestrante, destacando, por último, a necessidade de novas opções de tratamento.

terça-feira, 25 outubro 2022 12:46
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